Laura Araujo
A série sul-coreana bateu o recorde que pertencia a série britânica Bridgerton e tornou-se a série mais assistida da plataforma de streaming, com mais de 111 milhões espectadores. Isso mostra o crescimento da onda Hallyu, o fenômeno cultural sul-coreano como uma poderosa indústria de entretenimento.
Round 6 ou em inglês Squid Game é uma obra de ficção lançada em 2021 pelo diretor Hwang Dong-hyuk, que admitiu inspirações em mangás japoneses dos anos 2000 como Battle Royale. Nesta conjuntura, a história gira em torno de pessoas falidas que participam de jogos violentos em troca de um prêmio em dinheiro, e como suas falências afetaram suas relações sociais fora do jogo. A classificação indicativa é 18 anos e toda a história é contada em 9 episódios com em média 54 minutos de duração cada.
Os temas e os personagens são facilmente relacionados à realidade vivida por várias pessoas no mundo, o que cativa o espectador e abra margem para reflexões. Tal diálogo com a vida real também pode ser observado no vencedor do Oscar de melhor filme em 2020, Parasita do diretor Boon Joon-Ho. Ambas obras misturam diversos gêneros do cinema como o suspense e a comédia para a formação de um roteiro instigante.
Tanto Round 6 quanto Parasita fazem parte da onda Hallyu, que tem como objetivo espalhar a cultura da Coreia do Sul para o mundo. Ademais, outro pilar cultural dessa onda é o KPOP, ou música pop coreana, que é o principal colaborador da economia e do turismo na Coreia do Sul. Deste modo, o governo investe muito em produções culturais que possam ser exportadas.
Essa estratégia é consequência direta de acontecimentos de 35 anos atrás, visto que depois da Guerra da Coreia o país passou por uma democratização e precisou se abrir para a globalização. Entretanto, em 1997, a Coreia do Sul passou por uma crise econômica no fundo monetário internacional, fazendo com que a indústria do entretenimento repensasse seu foco, voltando assim seu olhar para o resto do mundo. No princípio dos anos 2000, o mercado chinês e o japonês viraram foco dos investimentos, principalmente de música e novelas.
Todavia, nos últimos 10 anos com o advento da internet e da disseminação das redes sociais, esse fenômeno atingiu nível global. Sendo assim, vídeos virais como o do sul-coreano PSY com o hit Gangnam Style em 2012 virou o os olhos do mundo para o país asiático. Neste contexto, essa viralização é uma situação que também se aplica a Round 6 e também justifica seu sucesso, visto que plataformas como Instagram e Tiktok serviram de divulgação da série.
Deste modo, os jogos mostrados na série despertaram a curiosidade das pessoas que gostariam de saber o quão longe elas chegariam caso estivessem no lugar dos personagens, o que gerou uma comoção nas redes sociais. Assim, mesmo que algumas brincadeiras sejam próprias da Coreia do Sul, o interesse possibilitou uma troca cultural entre os espectadores estrangeiros e a trama, sendo esse intercâmbio de informações um fator muito positivo.
Esse sucesso é muito bem-vindo visto que abre os olhos das pessoas para produções de qualidade fora do mercado norte-americano. Uma vez que o preconceito e a xenofobia impossibilitam as pessoas de conhecerem novas formas de contar histórias. Dessa maneira, o próprio serviço de streaming Netflix possui em seu catálogo filmes e séries não só da Coreia do Sul, mas também de outros lugares do mundo que não deixam a desejar no quesito execução dos projetos. É um novo passo para a indústria do entretenimento mundial.
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