O centro da cidade é quente e sofre com enchentes nas chuvas
Por Rafael Marcon Silva,
3º período do curso de Jornalismo
O programa “Conectar para Conservar”, que prevê incentivo a arborização em Passos, deve ser iniciado nos próximos anos na cidade. Nos últimos meses, a prefeitura sinalizou positivamente para o projeto, aprimorado desde 2016 pelo professor do curso de ciências biológicas e atual diretor da Universidade do Estado de Minas Gerais em Passos (Uemg), Hipólito Ferreira Paulino Neto.
“Hoje temos uma expectativa de nos próximos anos já iniciar o projeto. Ano passado em setembro, dei uma palestra no fórum de Meio Ambiente da Promotoria, aí o prefeito, Diego Oliveira, soube do programa e mostrou interesse em arborizar Passos. Em breve, acredito que começaremos a colocar em prática. Tenho certeza que o prefeito que abraçar isso, vai mudar a cidade e ganhar prêmios. Será uma parceria entre a Uemg, a prefeitura, e outras instituições, como a Usina Ipiranga, que deve ceder mudar”, revelou o diretor.
De acordo com ele, o projeto será de extrema importância na cidade, já que com a arborização, a população terá apenas benefícios como a amenização da poluição, suavização do clima, diminuição de enchentes e diversos outros. “Passos é muito quente, porque, quase em todos os lugares, não tem árvores ou quando tem, são podadas. A Avenida da Moda, mesmo, dizem que é um shopping à céu aberto, mas não é, não é fresco, não tem conforto. Se fosse arborizada, o vento iria passar pelo corredor de árvores, ajudando até na umidade do ar. Isso iria ajudar o próprio comércio e turismo”, disse Hipólito.
“O duro é romper essa consciência cultural. Muitas pessoas acham que as árvores tapariam letreiros; sujariam as ruas com folhas, que não são sujeira; entre outros problemas. Na verdade, se for ver, as pessoas nem se incomodam tanto com papel de bala, de salgadinho, e se incomodam com as folhas. Além do clima, as árvores iriam evitar a poluição do ar e ajudariam a enxugar o escorrimento de águas, evitando enchentes que acontecem na cidade”, afirmou.
Segundo ele, a área morfoclimática em que o município se encontra é ameaçada no Brasil, sendo necessário uma preservação da natureza própria da região. “Passos está entre os domínios morfoclimáticos da mata atlântica e do cerrado, fazendo com que seja uma região de grande variedade de espécies de plantas e animais. Aqui, na cidade, temos praticamente somente espécies exóticas, de fora do país, principalmente africanas e asiáticas. O nosso objetivo é arborizar a cidade com as plantas que são propícias à região”, disse.
“Nunca vi aqui no Brasil, um programa igual ao nosso, em que utilizamos nossas próprias espécies de plantas, preservando também nossa fauna. Além disso, a urbanização urbana em Passos foi feita errada em algumas partes. Algumas árvores se atritam com os fios e são plantadas somente em um lado calçada. A maior parte da cidade é assim: árvores plantadas em locais errados e ainda sendo a maioria espécies exóticas. Nossa ideia é conservar a flora e fauna nativa e melhorar vários requisitos, tornando a cidade melhor para se viver”, concluiu Hipólito.
As palmeiras da Av. Juca Stockler são de origem africana e não preservam a fauna do território
O projeto
O “Conectar para Conservar” tem inspiração no projeto “Connect to Protect” que ocorre em Miami, nos Estados Unidos. Lá, no país norte americano, o programa visa a preservação da ecorregião pine rocklands, rica em pinheiros e rochas.
O início do programa de arborização criado pelo professor Hipólito, foi através de projetos de extensão da Uemg, em 2016. Atualmente o programa conta com ajuda dos alunos do curso de ciências biológicas da Uemg em Passos.
Além de algumas palestras para conscientização da população que já ocorreram, a ideia do professor é, com a ajuda dos alunos, escrever um livro sobre a arborização. A publicação é a teoria do projeto e deve ser finalizada nos próximos dois anos, com informações sobre os tipos de poda, de plantas, de fauna, entre outros. Para Hipólito, o livro servirá de espelho a outras cidades que queiram se inspirar na futura arborização de Passos.
A arborização da cidade é desregulada: árvore sete copas plantada sob os fios de energia e rua com apenas um lado arborizado
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