Acessibilidade são as condições de utilização de espaços públicos que garantem o direito de ir e vir das pessoas com deficiência ou com dificuldade de locomoção, um grande desafio, mas de urgência, poucas cidades brasileiras têm o suporte necessário para atender seus moradores especiais e em Passos não é diferente.
Para abordar a acessibilidade em Passos, a fotógrafa, blogger e youtuber Leandrinha Du Art nos concedeu uma entrevista. A jovem de 21, cadeirante, expôs sua opinião e contou seus desafios.
Existe acessibilidade em Passos?
Falar que ela não existe seria uma grande hipocrisia, ela existe, porém ainda falta muito para atingir uma excelência ou se tornar referência, faltam mais vistorias e cobrança.
Quais são os desafios dos cadeirantes passenses?
Os desafios de um cadeirante ativo é simplesmente viver dignamente, ter seus direitos de acessibilidade, ter o direito de ir vir assegurados como qualquer outra pessoa. Exigir uma cobrança, um posicionamento, tal como minha luta contra um estabelecimento que descaradamente pisa nesses direitos, já estou buscando-os judicialmente com um restaurante universitário bem conhecido na cidade.
O que precisa ser melhorado na cidade?
Novamente volto na tecla de cobrança, falar que não existe uma conscientização do tema “acessibilidade” é mentira, já estamos no século 21 e isso já está muito bem esclarecido, tanto que em vários outros lugares a realidade é bem melhor do que na região. Precisamos fazer com que estes direitos sejam respeitados e se não forem respeitados, que eles sejam cobrados justamente.
Você consegue utilizar o transporte público em Passos?
(Risos) Ha pouco tempo fui passar uma pequena temporada em São Paulo capital, sendo a primeira vez que fui sozinha de cadeira elétrica para uma cidade grande, bate aquela preocupação neste quesito, pois como sempre estive acompanhada você acaba não sentindo tanto a falta ter acesso ou não, porem um cadeirante sozinho a realidade é outra. Enfim chego em São Paulo, mesmo sabendo que é uma cidade com tantos outros problemas, ela não peca na acessibilidade, elevadores, rampas, calçadas com relevos para deficientes visuais, faixas, toda uma estrutura que faz com que a vida do cadeirante seja mais favorecida dentro da sociedade. Já aqui na cidade de Passos não temos esse transporte público adequado, porem Passos mostra uma “vantagem”, existe um meio de transporte especial para cadeirantes,2micro-ônibus circulam pela cidade apenas transportando cadeirantes, para fins como, saúde e lazer (fisioterapia , hemodiálise ou uma simples visita ao centro da cidade), lembrando que Passos é a única cidade da região que possui este transporte onde o cadeirante liga solicitando-o, e o tem a sua disposição dentro de um horário comercial, resumindo, não temos uma frota de ônibus adaptados como nas cidades grandes, mas temos um transporte especial.
Alguma vez você já procurou a prefeitura para defender seu direito à acessibilidade?
Falar de prefeitura é a mesma coisa que sentar e desistir da luta, casos como estes, como a falta de acessibilidade onde buscamos e queremos agilidade, somente procurando o ministério público para tentar resolver.
Você já sofreu algum preconceito por ser cadeirante?
O preconceito começa quando não temos tal representatividade em concursos de beleza local (Luluzinha, Garota(o) Verão e etc), capas de revistas trazendo pessoas para abordar esse tema (Uai, Foco, Folha e etc), pessoas com necessidades especiais dentro da maioria de comércios trabalhando, lojas e estabelecimentos devidamente preparados para este público e muito mais coisas no qual poderia ficar escrevendo horas e horas sobre. Comigo mesma felizmente nunca tive esse problema mas sei que não é a realidade de todas essas pessoas, eu sempre tive uma postura muito forte em relação a se deixar levar pelo preconceito, não aceitar uma zona de conforto já imposta ajuda muito a lutar contra o preconceito. O preconceito começa internamente dentro de nós mesmos, só vai te atingir se você deixar ser atingido, ele existe e está aí para pôr no chão qualquer pessoa, só depende dela mesma se abater ou não em relação a isso.
Como as pessoas te tratam nas ruas? Elas te oferecem ajuda e a respeitam?
O tratamento comigo creio mais uma vez que devido a essa minha postura foi sempre normal desde pequena, pois nunca estive a mercê da zona de conforto, logico tem coisas impossíveis de se fazer sozinha, porem a vida é isso, tanto para uma pessoa com alguma necessidade especial ou não sempre vamos depender um dos outros para alguma coisa, tenho uma frase que construí na minha vida que define bem isso “ninguém é alguém sem ninguém” todos precisamos de ajuda. Se me oferecem ajuda?! na maioria das vezes não, pois as pessoas que me conhecem estão tão habituadas a me ver fazer tudo sozinha que elas não me oferecem ajuda, se bobiar me fazem de escrava Isaura ou Chica da Silva (risos), agora já as pessoas que não me conhecem essa preocupação é enorme mas isso já é algo “cultural” empregado no deficiente físico de que ele sempre vai precisar da ajuda de alguém, porem sabemos que não é assim. E se me respeitam, sim , muito, o respeito é recíproco, ambos têm e devem se respeitar é a regra da vida para uma boa convivência. Me sinto muito honrada em receber esse convite para falar um pouco deste tema incrível, parabéns pela pauta e muito obrigada.
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