Por Livia Souza Oliveira,
3° período do curso de Jornalismo
Ao chegar no cemitério de São Sebastião do Paraíso, é possível observar uma grande concentração de gatos. Esse fenômeno é conhecido como “colônia”, ou seja, um agrupamento desses felinos em certo local com o objetivo principal de sobrevivência. Marisa Azevedo, médica veterinária especializada em felinos, explica que “a formação de colônias se dá principalmente por não castrar os animais. Não só os de rua, mas os semi-domiciliados (gatos que tem dono, mas tem acesso à rua).”
Sabe-se, também, que um dos principais motivos dessa superpopulação é o abandono. Muitas das vezes, gatas prenhas são abandonadas no portão do cemitério altas horas da noite. Isso se torna um grande desafio para protetores dos animais, como Cristiana da Silva Araújo Rosa, dona do projeto independente “Resgatinhos”. O intuito principal do projeto é o controle da superpopulação dos gatos abandonados na cidade de São Sebastião do Paraíso. “A gente prioriza a castração em massa. Entrou na gatoeira, será castrado, seja macho ou fêmea.”, conta Cristiana. No processo de castração dos gatos no cemitério, a protetora declara: “A gente vai lá, inicia um processo de castração. A gente castra tantas gatas, aí depois passa alguns dias e tem outra gata prenha (abandonada) lá.”.
De acordo com ela, a maior dificuldade é iniciar um projeto de castração e não conseguir encontrar um lar para os gatos, visto que eles são ferais por não terem tido contato com seres humanos. Ela também menciona que os filhotes são concebidos entre os túmulos, o que dificulta o controle e a captura desses animais. “Quando eles aparecem, já é quase na idade de entrar no cio, uma fêmea filhote já está emprenhando novamente.” diz a protetora.
Em relação às zoonoses, segundo Marisa, os gatos ficam expostos a doenças por estarem em grandes colônias, transmitindo vírus entre si (entre eles FIV, FeLV, Calicivírus). Porém, a zoonose que atinge os seres humanos é a raiva: “Já que são animais não vacinados, podem contrair a raiva pela caça de morcegos contaminados, ou por contato com outro mamífero contaminado", diz a médica veterinária.
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