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Resenha crítica da peça de teatro "Medusa"

Atualizado: 8 de out. de 2021

Texto de autoria de Rafaela Medolago, estudante do 4º período do Curso de Jornalismo/UEMG-Passos-2020, para a disciplina de Laboratório de Linguagens, ministrada pela profa. Rosangela Borges

A peça de teatro “Medusa” apresenta um monólogo realizado pelo ator Caco Ciocler no #EmCasaComSesc transmitida em formato adaptado através do youtube no dia 29 de julho de 2020. O texto é de Jô Bilac e a direção de Monique Gandenberg.


Caco Ciocler é ator e diretor. Atuou em diversos espetáculos, dentre eles “Os sete afluentes do Rio Ota” e “Constelações”. Como diretor, estreou em 2020, o documentário “Partida”. Em “Medusa” a atuação de Caco é emblemática, o ator transmite ao telespectador as suas emoções de forma muito intensa. O desconforto e a agonia do personagem são vivenciadas também pelo público.


A peça demonstra muito bem a tentativa frustrada de meditar em meio ao caos do mundo, ainda mais nesse momento conturbado em que vivemos. O personagem é atormentado constantemente com a aceleração e o emaranhado de pensamentos. Por meio das reflexões faz críticas às problemáticas presentes na sociedade atualmente, como exemplo, o consumo excessivo de carne, ao falar do porco e ao consumismo, representado na peça pela “Coca Zero”. Critica também a ganância de querermos nos apropriar de tudo, de todas as informações, darmos atenção a todos os acontecimentos do mundo o tempo todo, o que é impossível e acaba por nos acelerar e nos tornar superficiais. E não só, no decorrer de todo espetáculo, são abordadas diversas interpretações acerca das mazelas sociais.


Sob o cenário de pandemia da Covid-19, o ramo da cultura, assim como todos os outros, teve que encontrar meios para se adaptar a essa nova forma de vida. Através da internet, a interação social se fez possível nesse momento, uma vez que estamos sendo impactados pelo distanciamento social, necessário para a prevenção e controle da pandemia. Nessa readequação, as lives tornaram-se muito recorrentes, como é o caso da peça aqui tratada. A programação do Sesc nesse período é totalmente online.


Nesse sentido, a estética teatral também necessita se readequar. Os espaços dentro das casas tornam-se cenários. A ambientação de “Medusa” se dá num banheiro branco, com aspecto simples e a luminosidade baixa, o que transmite uma ideia de calma, tranquilidade e dessa forma, faz um contraste com o assunto da peça. O exterior é sereno, o interior, a mente, é agitada.


O nome da peça faz referência a uma das personagens da mitologia grega, Medusa, retratada como um monstro com os cabelos em formato de cobras. As cobras na cabeça de Medusa representam na peça teatral, os inúmeros pensamentos que perpassam pela mente do personagem e o deixa perturbado. Tais pensamentos o acometem o tempo todo, não há pausa nem descanso.


Portanto, com todos seus elementos e muitos aqui não abordados, a peça “Medusa” é impactante e representa com maestria o momento em que vivemos, agravado pela pandemia. Todas as temáticas e a forma como são abordadas causam no espectador, acometido pelos acontecimentos do mundo, um turbilhão de emoções e inúmeras reflexões. É a arte sendo arte e cumprindo de forma belíssima o seu papel.

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