“Em alguns lugares batia à porta pra pedir, e em outros pra doar.”
Quem vê Dona Nair, palestrante voluntária no AVIVA (Associação de Prevenção à Vida) e presidente de honra da Apromip (Associação de Amparo à Maternidade e Infância de Piumhi). Não imagina toda sua dedicação em ajudar outras vidas ao longo de seus 89 anos.
Natural de Divinópolis, Nair Pereira Vieira de Souza nasceu em 18/12/1928, a caçula de uma família de nove filhos. Quando ainda pequena mudou-se com a família para Belo Horizonte. Anos depois, conheceu seu marido, Teodorico Vieira de Souza, hoje já falecido, e com ele teve quatro filhos.
Em 1952 passou a morar em Piumhi. A causa da mudança foi uma proposta que seu esposo recebeu, de montar o primeiro colégio privado de segundo grau na cidade. Dona Nair foi companheira de Seu Vieira por 51 anos. Ao lado dele, puderam ajudar milhares de pessoas. E foi nesta cidade que fizeram a diferença. Ela se viu dominada pela vontade de ajudar, e começou pelo simples bater de porta em porta. “Em alguns lugares batia à porta pra pedir e em outros pra doar.” Afirma a Sra. Vieira.
Foi nesta época que ela pôde ver de perto a extrema pobreza e se deparou com situações de tristeza, como no período de colheita do café. Algumas mulheres saiam pra panha e levavam seus filhos, até mesmo recém-nascidos, deixando-os ao chão dos cafezais enrolados em panos velhos e finos, sujeitos a fome e sendo alvos de bichos peçonhentos, inclusive, de picadas de cobras.
Com aproximadamente 85 anos, Dona Nadir escreveu seu primeiro livro chamado “Memórias” no qual relata suas histórias desde a chegada em Piumhi e todas as pessoas que conheceu neste percurso. Esse livro foi publicado, mas não posto à venda, por ter sido feito para a família. Agora, ela publica a sua segunda obra intitulada “Apromip um sonho realizado” a ser lançada no dia 19 de agosto no Ciamems, em Piumhi, às 19 horas. Nela, é contada toda a história da fundação dessa associação e a renda proveniente do lançamento será destinada ao Lar São José.
Dona Nair é muito religiosa e diz que só tem que agradecer a Deus, por permitir chegar a essa idade e ver seus sonhos realizados. O último deles foi a construção de uma padaria no Ciamems, da qual os adolescentes de 16 anos ao saírem de lá tem a oportunidade de se profissionalizar. Padaria Escola, um sonho de 60 anos atrás.
Hoje, viúva há vinte e um anos, além dos quatro filhos, tem dez netos e dez bisnetos. Pra ela, qualidade de vida pro idoso é no interior, então nunca pensou em sair de Piumhi. Se considera uma comunicadora nata e não pensa em escrever mais livros. Vai dedicar suas próximas escritas a seus netos e bisnetos, principalmente aos bisnetos que são muito espertos e cheios de informação.
Muito ativa, ela diz que só sofre com dores nas costas, que adora viajar, faz natação, hidroginástica e já com 43 anos de carteira, ainda dirige muito bem. Mesmo com a idade avançada ela não mede esforços para contribuir para o bem. Sua história é um exemplo de vida. Por meio dela podemos perceber que sua vida foi inteiramente dedicada a ajudar ao próximo.
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