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Azulão: a homogenia dos boêmios

Atualizado: 8 de out. de 2021

Por: Maria Eduarda Andrade


É com o chão vermelho, as cadeiras de madeira e os painéis de cachaça antigas e de baixo custo que eu me sinto em um bar de uns trinta anos atrás... Mas sei que não estou! Apesar de estampar no teto um ventilador de ferro de algumas décadas atrás, o bar que durante boa parte da sua existência tinha sua fachada vermelha mesmo se chamando “azulão”, hoje é de fato azul e ocupa seu espaço entre clientes, avenida movimentada e pessoas transitando a todo momento com uma trilha sonora incapaz de ser menos clichê: o modão sertanejo. Em um mais perfeito cenário de curta-metragem, seus personagens também são dignos de roteiro e principalmente de histórias.

Maria Eduarda Andrade

A rotatividade do bar permite que haja todas as tribos reunidas em um mesmo momento e o que me chama mais a atenção são as misturas homogeneizadas nas noites da boemia passense, e elas vão das garotas que vivem da noite e usam o espelho do bar como camarim, dos homens que bebem sozinhos e da galera que em grupo juntam até três mesas para beber e conversar. Assim, lembro-me de um artigo que recentemente li sobre a sociabilidade e pertencimento no consumo de bebidas alcoólicas em Porto Alegre que falava das contradições sociais e dos motivos que levam as pessoas a pertencerem esse lugar que basicamente é a inserção social e de pertencimento - e isso acontece desde que as civilizações foram instauradas e se reuniam para beber em pequenos locais. Chego assim à conclusão que o maior lugar de interatividade é o bar: um lugar que todo mundo vai, de fato, de peito aberto e de copo cheio. Não tão ironicamente, Passos é uma das cidades que mais consome cerveja no Brasil. Acho que isso já diz muita coisa do porquê esse estabelecimento ter tanta força na cevada (e na cachaça também!). A boa boemia faz com que os corpos se juntem, os sujeitos se reconheçam e até que grupos distinto começam a cantar o clássico “Boate Azul” em um só coro. A força do boteco de esquina é maior que qualquer relação, isso porque é nele que nós temos a cerveja do lado, a moda do outro e os personagens se alterando a todo momento. Peço licença para parafrasear o azul da boate que faz todo mundo cantar para falar do bar que do azul virou azulão e pedir para que os boêmios de plantão aproveitem a cerveja gelada como remédio na vida noturna.

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